09 maio 2010

Refletindo sobre práticas pedagógicas

Ao findar mais uma semana de estágio prático, é hora de analisar esta prática de um modo crítico, percebendo o que devemos priorizar em nossa prática pedagógica e também o que não devemos continuar fazendo, pois não motiva mais nossos alunos, ao contrário, os desmotiva.

No que tange ao desenvolvimento dos objetivos e as atividades planejadas, posso dizer que, de um modo geral, foi tranquilo, pois consegui desenvolver o que foi planejado e dentro desse planejado sempre tem detalhes que nos chamam a atenção de um modo mais acentuado e esta semana o que considero bastante positivo está relacionado ao AI, pois desde o início do projeto, foi a primeira vez que o grupo trabalhou mais tranquilo no pbworks, pois já estão mais familiarizados com o novo recurso e isso fez com que a aula fluisse melhor. Outro fator bem positivo da semana se relaciona à produções próprias dos alunos, mais especificamente com relação às produções de histórias matemáticas, pois na semana anterior como eles tinham realizado a atividade pela primeira vez, foi bastante complicado, eles apresentaram muita dificuldade, mas esta semana, ao retomar a mesma dinâmica com relação a esta atividade, percebi o crecimento dos alunos, pois foi bem mais tranquilo, minhas intervenções e auxilio foram bem menores e isso é mais uma afirmação, para minha prática de educadora, de que precisamos acreditar mais no potencial do nossos alunos e não facilitar tanto para eles levando tudo pronto, mas sim desafiando-os a serem autores do seu próprio conhecimento.

Outro ponto que está me chamando a atenção nas aulas, o que se acentuou esta semana é a questão dos alunos que tem dificuldade de participar de uma atividade tradicional de sala de aula, mas que respondem de forma muito positiva nas atividade diferenciadas. Um exemplo é o aluno Paulo ele tem muita dificuldade de realizar atividades de registros comuns no caderno, como copiar uma a tividade do quadro e realizá-la, percebo que ele tem condições, mas quase sempre deixa a atividade incompleta no caderno, em contrapartida, em atividades não muito comuns, em desafios, este aluno tem me surpreendido, pois na semana passada ao questionar o grupo sobre quantas horas tinha dois dias, ele foi o primeiro a responder que eram 48 horas, isso foi numa atividade sobre a tabela da função das abelhas e esta semana, na aula de geomertia, onde fizeram pesquisa no pátio da escola, a pergunta desafio era descobrir qual era a forma geométrica do favo de mel, o desafio era pesquisar em casa e responder no dia seguinte, ainda na mesma aula o aluno desenhou e me mostrou uma figura geométrica com seis lados, disse a ele que o desenho estava correto e perguntei se ele sabia o nome dessa figua, dissse que não, mostrei ao grupo todo, ninguém soube me responder e então desafiei-os a me trazer a resposta na próxima aula, no dia seguinte questionei-os sobre quem tinha a resposta para a pergunta do dia anterior e para minha surpresa só o Paulo trouxera a resposta, me disse que era um hexágono, mais uma vez fiquei surpresa com ele e o elogiei muito,além de ficar muito feliz, pois tinha despertado o interesse de um aluno que tem dificuldades de realizar atividades de aula que chamamos de “mesmice”, digo isso não só pelo pouco tempo que observo o Paulo, mas pelo relato da professora dele do ano passado, pois esta me contou que o pai dele pagava cinco reais por dia para o Paulo copiar as atividades do quadro e do livro. Quando eu soube disso fiquei impressionada e chamei a família para conversar, a mãe veio, são pais separados, coloquei a ela que achava um absurdo esse tipo de acordo, que isso não poderia continuar e se continuasse eu não queria ficar sabendo, pois não iria compactuar com tanta falta de habilidade na educação de um filho, ela me disse que o pai era muito infantil e que ela também não concordava com a atitude dele. Após esta conversa, fiquei observando e pensando em mudar esta realidade, mas apesar de insistir com o Paulo, ele se negava a realizar as atividades ou até as realizava, porém sob pressão do tipo, “precisa concluir a atividade, pois do contrário terei que conversar novamente com tua mãe” Isso acontecia antes do início do projeto de estágio, agora com o projeto, parece que o Paulo está começando a gostar de aprender, está realizando atividades sem pressão, como relatei acima e isso para minha prática de educadora e para esta experiência de estágio, conta como uma enorme vitória, e enfatiza o que estamos cansados de ouvir por ai, os tempos são outros, nossos alunos são outros, não pode dar certo uma prática do tempo dos nossos avós, não tem aluno que se interesse por quadro cheio para copiar, um monte de matéria que muitas vezes não serve de nada, apenas para dizer que o aluno teve conteúdo na aula e decore para a prova, aí só pagando para ele fazer alguma coisa, pois na verdade o erro não está só no acordo absurdo do pai com o filho, está também, numa pratica ultrapassada que não tem nada a ver com a realidade dele e como diz Feynman “O método de ensino eficaz, deveria formar indivíduos curiosos. O objetivo final de uma aula teria de ser formar futuros pesquisadores, e não decoradores de matéria”

Com esta reflexão e a minha pática da semana somada a atitude do aluno Paulo, entendo que preciso cada vez mais trabalhar de forma acentuada em cima de uma proposta pedagógica diferenciada se quiser contemplar nela o interesse , se não de todos, pelo menos da maioria dos alunos.

Revista Veja, Editora Abril, edição 1826, ano 36, nº 43 de 29 de outubro de 2003, página 20.

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1 Comentários:

Blogger mauranunes.com disse...

Izolete! Apresentas uma observação sensível de teus alunos, bem como uma preocupação genuína com seu processo de aprendizagem. Percebes as dificuldades, mas também as possibilidades e valores dos mesmos, focando estes pontos para um adequado crescimento. E com isso, cresces em teu processo de aprendizagem! Lindo trabalho. Bjs, Maura - tutora do SI

7:17 PM  

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